3 medidas para evitar a aceleração dos custos com a crise

Diferente do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação médica é composta além do preço, também pela frequência de utilização. Se em um ano o preço médio da consulta aumentou de R$100 para R$110 e a frequência média aumentou de 5 para 6 consultas médicas por beneficiário, o impacto desse aumento resultou em uma “inflação” do custo da consulta (preço*frequência) de 32%.

Em 2008, a crise bancária nos Estados Unidos, entre outros impactos no Brasil, acelerou acentuadamente o custo em saúde. O índice de Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH) apresentou um de seus maiores picos para a série histórica na época, principalmente pela resultante de aumento da frequência de utilização e também do preço médio dos eventos, ambos fatores influenciados claramente pela crise. A frequência média aumentou porque as pessoas passaram a utilizar mais o plano de saúde com medo de perder o emprego e, consequentemente, o plano de saúde. Dessa forma, cirurgias eletivas que antes eram postergadas para férias ou por escolha do melhor momento, passaram a ocorrer com mais frequência. Já o preço médio aumentou em decorrência da alta do dólar que fez aumentar o preço de insumos médicos, principalmente aqueles utilizados durante as internações.

Novamente, estamos frente a frente com uma nova crise. O dólar está em alta, batendo recordes da série histórica e as empresas têm demitido ou pararam de contratar. Essa conjuntura econômica faz, novamente, as pessoas sentirem medo de perderem o emprego ou a renda que permite o financiamento do plano de saúde, o que provoca o aumento da utilização de serviços médico-hospitalares, que também tem sofrido aumento de preço devido a altar do dólar. Portanto, espera-se para os próximos meses uma aceleração mais acentuada do VCMH.

Frente a esse cenário, as empresas têm sentido essa movimentação e, além de lidarem com a crise, têm que fazer gestão da saúde. Diante disso, é possível desenvolver algumas ações para frear essa aceleração influenciada pelo aumento da frequência média de utilização.

1- Comunicação: se a sua empresa não está sofrendo os impactos dessa crise e não há previsão de demissões, invista na comunicação com seus funcionários para deixá-los mais confortáveis em relação ao medo de perder o emprego.
2- Gestão de alto custo e segunda opinião: invista, junto com a operadora de plano de saúde, na negociação dos custos das cirurgias eletivas, incluindo o preço de OPME e o prestador com melhor custo-efetividade.
3- Gestão preventiva de alto custo: evite que o alto custo ocorra agindo na prevenção, seja evitando uma cirurgia com OPME desnecessária ou direcionado o beneficiário para prestadores de referência na questão, focando na custo-efetividade.

Enfim, a crise chegou para todos, mas cada empresa pode enfrentar de um modo diferente essa situação. Essas são algumas das medidas que podem auxiliar na contenção da variação dos custos, contribuir para a sustentabilidade do plano de saúde e ainda diminuir a insegurança natural gerada em períodos como esse que o Brasil atravessa.

Fonte: Saúde Web, 04/09/2015.